sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A arte da reclamação


Não há dúvidas de que o esporte mais popular, amado e vitorioso do Brasil é o futebol. Talvez a malandragem pudesse bater de frente com o futebol, mas como é um “esporte” que não da medalhas, não disputa a copa e não tem o “privilégio” de ser narrado pelo Galvão Bueno, acaba figurando na categoria hours concours mesmo.

Já aqui na Serra Gaúcha é diferente. Não é a bocha. Tampouco a bisca. Errou quem chutou que era o jogo da mora. Empilhar lenha conseguiu um honroso 2° lugar, mas a modalidade que o pessoal daqui realmente domina é o ato de reclamar. E como reclamam!

Cerração, frio e chuva são motivos para começarem a chorar copiosamente e clamarem pela chegada do verão. 2 dias depois de tal clima, somos agraciados com belo dia de sol – afinal, estamos na Serra Gaúcha, lugar onde podemos contar com 4 estações distintas no mesmo dia – e a temperatura beirando os 20 poucos graus. A reação da maioria? “Que mormaço, hein?!”, “Que tempo loco, heinho!”, “Agora que eu tava me acostumando com essa friaca ae”... Não tem erro. Principalmente quando o assunto é clima, o pessoal adora reclamar.

Reclamam que o mundo ta “virado”, que ta tudo muito caro, que falta muito para a sexta-feira (uma das campeãs), que falta muito para acabar o expediente, que tem muito pouco feriado, que não se faz mais algo como antigamente, que não vem mais tazos nos pacotes de salgadinho, que o Brasil de Farroupilha sempre ameaça subir e não vai, que o desvio do pedágio ta uma “miércoles”, que... enfim, se reclama de tudo. E se reclama muito de tudo.

Eu mesmo estou reclamando. Estou reclamando de quem reclama de tudo, dos reclamões profissionais e dos que logo logo chegarão a faixa-preta na arte de reclamar. Reclamo mesmo.
Reclamar faz parte da vida. Muitas reclamações (injustas ou não) servem para nos tornar pessoas melhores, mudar nossa forma de encarar a vida e enfrentar os problemas que surgem pelo caminho.
Mesmo assim, tem gente que se passa. Que reclama por esporte mesmo, e o faz justamente por ser inconveniente e estufar o peito e bradar aos quatro ventos que nada está certo e nunca estará. Aí é um caso grave e que força atitudes mais drásticas (sejam elas quais forem).

Não há cura para o vício em reclamar. Pode haver um antídoto passageiro, mas logo algum tipo de indignação com algo irá voltar.
E não adianta reclamar.

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