Não há dúvidas de que o esporte mais popular, amado e
vitorioso do Brasil é o futebol. Talvez a malandragem pudesse bater de frente
com o futebol, mas como é um “esporte” que não da medalhas, não disputa a copa
e não tem o “privilégio” de ser narrado pelo Galvão Bueno, acaba figurando na
categoria hours concours mesmo.
Já aqui na Serra Gaúcha é diferente. Não é a bocha. Tampouco
a bisca. Errou quem chutou que era o jogo da mora. Empilhar lenha conseguiu um
honroso 2° lugar, mas a modalidade que o pessoal daqui realmente domina é o ato
de reclamar. E como reclamam!
Cerração, frio e chuva são motivos para começarem a chorar
copiosamente e clamarem pela chegada do verão. 2 dias depois de tal clima,
somos agraciados com belo dia de sol – afinal, estamos na Serra Gaúcha, lugar
onde podemos contar com 4 estações distintas no mesmo dia – e a temperatura
beirando os 20 poucos graus. A reação da maioria? “Que mormaço, hein?!”, “Que
tempo loco, heinho!”, “Agora que eu tava me acostumando com essa friaca ae”...
Não tem erro. Principalmente quando o assunto é clima, o pessoal adora
reclamar.
Reclamam que o mundo ta “virado”, que ta tudo muito caro,
que falta muito para a sexta-feira (uma das campeãs), que falta muito para
acabar o expediente, que tem muito pouco feriado, que não se faz mais algo como
antigamente, que não vem mais tazos nos pacotes de salgadinho, que o Brasil de
Farroupilha sempre ameaça subir e não vai, que o desvio do pedágio ta uma
“miércoles”, que... enfim, se reclama de tudo. E se reclama muito de tudo.
Eu mesmo estou reclamando. Estou reclamando de quem reclama
de tudo, dos reclamões profissionais e dos que logo logo chegarão a faixa-preta
na arte de reclamar. Reclamo mesmo.
Reclamar faz parte da vida. Muitas reclamações (injustas ou
não) servem para nos tornar pessoas melhores, mudar nossa forma de encarar a
vida e enfrentar os problemas que surgem pelo caminho.
Mesmo assim, tem gente que se passa. Que reclama por esporte
mesmo, e o faz justamente por ser inconveniente e estufar o peito e bradar aos
quatro ventos que nada está certo e nunca estará. Aí é um caso grave e que
força atitudes mais drásticas (sejam elas quais forem).
Não há cura para o vício em reclamar. Pode haver um antídoto
passageiro, mas logo algum tipo de indignação com algo irá voltar.
E não adianta reclamar.
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